CISTERNAS DE APROVEITAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS: RELAÇÃO ENTRE A CONSERVAÇÃO DOS SISTEMAS E O ENVOLVIMENTO E CAPACITAÇÃO DAS FAMÍLIAS

Nome: PATRICIA BENEZATH HERKENHOFF
Tipo: Dissertação de mestrado profissional
Data de publicação: 22/12/2020

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
DESIRÉE CIPRIANO RABELO Orientador
DIOGO COSTA BUARQUE Examinador Interno
JEFFERSON OLIVEIRA DO NASCIMENTO Examinador Externo

Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar a relação entre a conservação de sistemas familiares de
aproveitamento de águas pluviais e o envolvimento e capacitação das famílias, em dois modelos
distintos: cisternas de placas e cisternas de polietileno. Nos últimos anos vem aumentando o
número de famílias beneficiadas por projetos de armazenamento de água da chuva em cisternas
– uma fonte complementar de água para a convivência com a seca. A implantação desses
sistemas tem sido apontada como ponto de inflexão na forma como eram praticadas até então
as políticas públicas no Semiárido, geralmente relegadas a segundo plano. Contudo, estudos
têm diagnosticado vários obstáculos ao correto uso e à adequada forma de manutenção do
equipamento por parte das famílias, dadas algumas práticas e concepções equivocadas. Neste
estudo de caráter qualitativo analisa-se a relação entre o envolvimento e capacitação da
comunidade e o uso e manutenção das cisternas familiares. Os dois principais programas
públicos federais de implantação de sistemas de coletas de chuva que serviram de base para
nossa análise – Programa Um Milhão de Cisternas e Programa Água para Todos – preveem a
mobilização e a capacitação da comunidade como fatores para a promoção da autonomia em
meio à escassez hídrica. Os procedimentos metodológicos utilizados foram: pesquisa
bibliográfica, pesquisa documental, pesquisa de campo e análise e tratamento do material
empírico e documental. A pesquisa de campo foi realizada em cinco comunidades da região da
Chapada Diamantina, no município de Morro do Chapéu (BA). Foram selecionadas 30 famílias
da região para entrevistas semiestruturadas, verificação in loco e registro fotográfico dos
sistemas. A metade delas tinha cisternas de placas, e a outra metade, de polietileno – com um
tempo médio de implantação de 9,93 anos e 6,27 anos, respectivamente. Em todas as famílias,
independente do modelo, foram identificados procedimentos inadequados na conservação dos
equipamentos. Entre tais procedimentos citem-se o descarte da água de lavagem do telhado de
forma manual e a retirada da água do interior do reservatório com a introdução de baldes.
Foram detectadas, ainda, irregularidades nos reservatórios e demais equipamentos acoplados,
expondo a água armazenada à entrada de poluentes. Além disso, equipamentos essenciais não
estavam sendo usados; em muitos casos nem foram instalados ou então estavam quebrados.
Os relatos colhidos nas entrevistas indicam que não houve capacitação ou, quando esta foi
realizada, resumiu-se a orientação individual. Outros mecanismos previstos na implantação dos
sistemas para acompanhamento tampouco foram acionados, como comitês destinados ao
envolvimento de líderes das comunidades. Fica claro que há uma ruptura entre o idealizado
pelos programas em suas propostas em termos de mobilização, capacitação e desenvolvimento
de autonomia em relação à escassez hídrica e sua efetivação. Embora a pesquisa tenha se
debruçado em uma amostra de 30 famílias, estas representam um universo muito maior,
considerando a abrangência dos programas públicos responsáveis pela implantação dos
sistemas. O que indica a necessidade de rever os mecanismos, protocolos e processos utilizados
na implantação das cisternas – sob risco de tais programas repetirem problemas históricos das
políticas públicas no Semiárido.

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